Nos bastidores do "palco" não pode faltar esperança.

Nesses dois últimos dias estive a dialogar com angolanos e angolanas sobres alguns temas importantes para o  trabalho deles...acredito que para a vida deles também... assim eles relataram.
São encontros muito interessantes...principalmente para quem gosta de observar, observar muito, fazer leituras "nas entrelinhas", provocar...criar situações  de aprendizagem, uma aprendizagem "além mar".
Bom, nos bastidores do "palco" muito gente interessante...aí a gente fica sabendo de muitas histórias, das melhores histórias ...corriqueiras, do dia-a-dia, de gente da gente...daí percebemos que o mundo é aqui ... com a sua enorme grandeza de mãe, e ao mesmo tempo com a sua profunda mesquinhez de algoz.
No primeiro "ato" uma esperança ...mãe, jovem, viúva, três filhos, trabalha, estuda, se embeleza...sorriso no rosto, pega carona para ir a escola...sim, usa peruca e troca de cabelos, sempre, ela só tem 24 anos, mas não falta ESPERANÇA.
No segundo ato um raimundo...22 anos, rapaz robusto e corajoso...abriu o seu coração no palco,  falou sabre os seus problemas e angústias...relatou como se fosse o último dos seres humanos na Terra - perdeu a mãe, o pai o "abandonou", o tio não pode cuidar, tem 8 irmãos, veio para Luanda, largou os estudos, se "casou", mora em casa de aluguel, briga muito com a mulher, não tem filho ...segundo ele, parece que ela não gosta muito dele, mas ele gosta muito dela... tem sonhos com a guerra, sempre pensa sobre a guerra, tem medo, sofrimento ..."estou a sofrer", disse ele...falta de ESPERANÇA. Alegria para todos os raimundos.
No meio dos atos, eu ... observando, ouvindo, falando sobre autoestima, motivação, trabalho em equipe, qualidade, capacete, luvas, prevenção...tentando pensar do lugar deles...

Nos bastidores do "palco" da vida não pode faltar ESPERANÇA...no meu não falta.